El presente ensayo científico “Archivos: contenedores de la basura de la identidad?” está escrito por Jorge Janeiro. Es director del Archivo Distrital de Évora, que depende como otros distritales portugueses del Archivo Nacional de Torre do Tombo. Fue solicitado a raíz de unas reflexiones de Jorge Janeiro que la autora de este blog consideró de gran interés, pues habla sobre los casos en que los conceptos de “viejo” y de “basura” han sido aplicados a los documentos antiguos y han motivado la pérdida de gran acervo documental.
La versión en español está disponible tras el texto en portugués.
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“Arquivos: caixotes do lixo identitário?”
Por Jorge Janeiro
Diretor do Arquivo Distrital de Évora.
“Quando o espaço para armazenar os documentos velhos começa a escassear toma-se, não raras vezes, a trágica decisão de os mandar fora.
Decide-se larga-los no lixo ou vendê-los a peso para fábricas de reciclagem de papel sem que se tenha efetuado sequer uma avaliação do conteúdo. O rótulo de “velho” turva a consciência e legitima o ato de pôr de lado o que, inconscientemente, se considera inútil porque não tem valor legal, está ultrapassado ou se tornou ininteligível.
Felizmente que na Administração Pública, e pondo de parte eventuais falhas, se adotaram procedimentos legais para evitar que a eliminação fosse completamente arbitrária. Mas nos universos empresarial, associativo e religioso a liberdade de eliminar a documentação mantém-se quase por inteiro, podendo o Estado agir se considerar que um determinado fundo documental deve ser protegido.
Muito se perdeu, considerado lixo. Mas hoje há muitas instituições privadas demandando a sua identidade no que se considerava desperdício. O “lixo identitário” permite recuperar a história das coletividades da nossa região e, com isso, revelar aspetos menosprezados ou desconhecidos por todos nós. A história local e regional depende dos “restos” deixados por outros que chegaram até nós.
Assim, muito mais do que o potencial proporcionado pela reciclagem do papel, os documentos “velhos” ancoram a possibilidade de reconstituir as peças do “puzzle”, vislumbrando dados preciosos sobre a sociedade do passado. Neles residem informações sobre quem dirigiu e integrou as coletividades, sobre as suas atividades e quem nelas participou.
Através deles abrem-se janelas sobre a vida dos nossos avós e bisavós, resgatando-se tradições e memórias esquecidas ou perdidas que hoje podem ser recriadas e reinventadas.
Os arquivos assumem-se, portanto, como repositórios inesgotáveis de informação que fortalecem a nossa identidade e contribuem para o desenvolvimento regional e para a economia através da produção de conhecimento e de produtos culturais, que nos diferenciam num contexto em que o mundo se globaliza e uniformiza, atraindo visitantes.
No Arquivo Distrital de Évora temos fundos cujo destino era o lixo.
Temos outros que conservam apenas uma pequena fração do que existiu.
Foi possível evitar algumas perdas. É esse “lixo identitário” que serve de base a muitos estudos científicos que explicam boa parte da história dos monumentos do Distrito de Évora e das origens de muitos dos que aqui vivem e trabalham. É um lixo reciclado reutilizado todos os dias para os mais diversos fins de investigação científica e para fazer valer direitos.
Por isso, antes de mandar um papel para o lixo lembre-se de que esse papel pode vir a alimentar a sociedade do conhecimento e a dar trabalho a muita gente ou, simplesmente, desaparecer.
A escolha é sua.”
Jorge Janeiro
Jorge Janeiro nasceu em 1983 em Moura. É licenciado em História e mestre em Ciência da Informação pela Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL) e detém o Curso de Estudos Avançados em Gestão Pública (CEAGP) pelo Instituto Nacional de Administração (INA) e o mestrado em Administração Pública pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. É atualmente Diretor do Arquivo Distrital de Évora.
Versión española (traducción de María Zozaya):
Archivos: Contenedores de basura identitaria?
Por Jorge Janeiro
Director del Archivo Distrital de Évora.
Jorge Janeiro nació en 1983 en Moura. Es licenciado en Historia y maestrado en Ciencias de la Información por la Universidad Nova de Lisboa (FCSH-UNL). Detenta un Curso de Estudos Avanzados en Gestión Pública (CEAGP) por el Instituto Nacional de Administracióno (INA) y tiene el maestrado en Administración Pública por el Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE). Atualmente es el Director del Arquivo Distrital de Évora.
Sugerencia de cita de este artículo:
Jorge Janeiro, “Arquivos: Caixotes de lixo identitario?”/Archivos, contenedores de basura identitaria?”, Sociabilidad y élites, http://sociabilidad.hypotheses.org/550, 28-10-2014,ISSN: 2444-8052.
OpenEdition le sugiere que cite este post de la siguiente manera:
Maria Zozaya (28 de octubre de 2014). “Arquivos: caixotes do lixo identitário?” “Archivos, contenedores de basura identitaria? SOCIABILIDAD y ÉLITES. ISSN 2444-8052. Recuperado 23 de marzo de 2025 de https://doi.org/10.58079/u9pn
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